segunda-feira, 12 de março de 2012

CABANHA CASCALHO

por seu proprietário, Carlos Guilherme Rheingantz


Sob o título CRIAR É FÁCIL E O LUCRO PAGA A CONTA, na revista A GRANJA (março de 1985), resumido foi publicado: “meio por brincadeira, o criador de Pelotas-RS, Carlos Guilherme Rheingantz, começou a criar Jersey em 1977. Meio por brincadeira porque os criadores de Holandês, em geral, desdenham da pequena vaca Jersey, e a família de Carlos Guilherme sempre foi tradicional criadora da raça Holandêsa há três gerações. Seu bisavô, o Cel.Pedro Osório (o maior ruralista gaúcho da sua época) já tinha Holandês nos seus campos na década de 30. O pai de Carlos Guilherme também se dedicou ao Holandês nos anos 60. Em 1972, Carlos Guilherme começou com o Holandês e, em 77, introduziu o Jersey no seu rebanho, por brincadeira e também por incentivo do técnico Flávio Abrantes, da associação gaúcha de criadores da raça. Ele colocou o Jersey em campos altos, e o Holandês em campos de várzea. Em 1980, Carlos Guilherme tinha 50 vacas Holandêsas e 50 jersey. Em 1980/81, cada vaca Jersey produzia 15 litros de leite por dia, enquanto as Holandêsas 25 litros, mas a conclusão do criador foi de que a Jersey levava vantagem sobre a Holandêsa, em termos de produção econômica, porque mesmo com menor produção diária a receita do leite pagava toda a despesa da raça, enquanto que a Holandêsa não, isto acontencendo porque a raça Holandêsa é bem mais dispendiosa em alimentação e assistência veterinária, alem da Jersey ter uma reprodução bem mais fácil do que a Holandêsa.... Na bacia leiteira de Pelotas, 90% dos criadores trabalham com gado Jersey, em pequenas propriedades, o que dá uma maior importância à raça, enquanto a Holandêsa está nas mãos de grandes proprietários que, geralmente, não são apenas produtores de leite...”

As primeiras Cascalho, boas e rústicas

Em 1977 por insistência de meu amigo e técnico da ACGJRGS, engºagrº Flávio Abrantes, adquiri alguns exemplares Jersey em Esteio: da Cabanha da Serra/Fernando Carúccio (Rosa Roseira Sultan da Serra e Rosaliane Eliane Zago da Serra), e do Sitio da Florida/Elton Butierres (Rosa Sinbad da Florida e Honorato Sinbad da Florida, irmãos inteiros). A criação de Jersey, afixo Cascalho, iniciou em campo por mim adquirido em Morro Redondo, então distrito de Pelotas, com área inicial de 51 ha. Foi montada uma boa infraestrutura com dois silos trincheira, uma modesta e higiênica sala de ordenha com equipamento Manus de balde ao pé, cerca de 25 potreiros separados por aramado de 4 fios e/ou cerca elétrica, uns com pastagem artificial e outros melhorados em seus pastos nativos, construída a taipa de um bom açude, adquirido equipamento completo para fenação e silagem, etc, tudo com um empréstimo hipotecário junto à Caixa Econômica Estadual para pagar em 10 anos com 1 de carência.

No ano seguinte comprei durante a Exposição de Pelotas a vaca Katita da Perpétua (criação de Paulo W.Mascarenhas) do João Laranjeira Filho, e de Nilo Chagas de Azambuja adquiri 5 terneiras em Esteio, alem da novilha Dona Sirley Generator DN de Valdir e Varlete de Nardi. Em julho havia nascido o primeiro produto PO, de nome “Cascalho Arga J01 Sultan Hércules”, posteriormente vendida para Sérgio Neves.



O autor cumprimentando o jurado Antônio Soares
Formado em agronomia no final de 1971, em janeiro do ano seguinte passei a administrar a Fazenda Cotovêlo, com orientação de Antônio Rocha da Rosa, diretor da firma Cel.Pedro Osório S.A. e sobrinho do Cel.Pedro Osório, dele recebendo ensinamentos sobre a raça Holandêsa e sua comercialização. Na parte de seleção, meu professor foi o saudoso Antônio Soares e Soares, veterinário e único pontuador brasileiro dessa raça até os anos 80.  Mas os maiores ensinamentos adquiri de meu pai que, desde o início da década de 1960, recebia e interpretava os Sire-Summaries dos EUA, lendo-os e consultando-os frequentemente, escolhendo os touros de quem importaria sêmen, pois em 1957 já praticava a inseminação artificial. 
Cascalho Helena, vários grandes campeonatos e o segundo
maior preço em leilão de Esteio, US$ 13.800,00


Cascalho Kreta, a vaca mais premiada da Cabanha, com
7 Grandes Campeonatos e vencedora de diversos
concursos leiteiros

Na expo-leite de Esteio (1979), de José Moura de Souza arrematei três vacas: Chiquinha de Santa Catarina, Wanderléia Highfield da Cascata, e Dona Varlete Cedro DN. Neste mesmo ano Manoel Acilo de Azambuja vendeu-me as novilhas Caraúba do Angico JG Generator e Delta do Angico CM Designer, alem das excelentes “vacas velhas” FCB Sapeca e FCB Camiseta (do inesquecível plantel da Fazenda Cinco Cruzes-Bagé).

A utilização dos melhores touros americanos, canadenses e ingleses, era orientada pelos Sire Summaries de Jersey, por mim semestralmente recebidos dos EUA e Canadá, assim como por discussão com os grandes melhoradores Ney Mahas Ferreira, Antônio Carlos Pinheiro Machado, José Ronald Bertagnolli e, em especial, pela D.Quinquinha de Assis Brasil (que sabia muito!!!).

Em 1987, o touro CASCALHO HITLER 7 BRIAR MASTER foi alugado à CRIA, para coleta de sêmen e distribuição aos criadores gaúchos, posteriormente vendido para o criador Luis Hecktor San Juan, de São Paulo. Antes, foi realizada uma coleta de seu sêmen, pela CENTRAL RIOGRANDENSE DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL-CRIA, para uso na cabanha.

Em 1990, numa parceria de risco com o carioca Raul Luis Andrade de Carvalho, e com os veterinário Cláudio Pimentel (MSc) e Vilceu Bordignon (hoje MSc),  na Cabanha Cascalho iniciamos um programa de “coleta e transferência de embriões”, com a utilização das minhas melhores linhagens de fêmeas, usando os mais destacados touros canadenses, americanos e ingleses. Nesta parceria, Raul Luis participou com as despesas financeiras principalmente para a compra dos insumos, eu com as doadoras, receptoras e o sêmen congelado, Pimentel e Bordignon com a execução técnica. No primeiro ano houveram alguns problemas de infra-estrutura que, a partir do segundo, foram solucionados. E a produção de embriões foi muito eficiente, com as doadoras e receptoras transferidas para as instalações que Cláudio Pimentel havia montado próximo à entrada para a cidade de Capão do Leão.

            Em outubro de 1996 foi ao ar o site particular da Cabanha Cascalho, competentemente elaborado pela agência pelotense Matita Perê, de meu estimado e competente sobrinho Cláudio Burck, visando apresentar os objetivos de minha seleção e orientar aos jersistas no manejo e reprodução de seus plantéis.

Em 25 de março de 2000, no meu único leilão particular e com a participação das cabanhas convidadas Pedra D’Água (Maria Helena e José Carlos Pereira de Souza), Sanga Preta (de José Fernando Quadros de Leon), e Sitio da Capela (de Carlos Alberto Teixeira Petiz), sob o martelo competente dos irmãos André e Rodrigo Crespo, ofereci filhas de Quicksilver Magic of Ogston, Master C Tops, Mayfield Volunteer, Huronia J.Galaxi, Milestone Generator, J.S.Q.Royal, S.P.Legend, Top Brass, Grove Gemini, Imperial, JIS Juno, Narrator, Tormentor, Barber, Lester, Sooner, Chaparral, Opportunity, Senator e Brass Dollar, com venda total da oferta. Os destaques ficaram por conta da descendência direta das principais matrizes da cabanha, a saber: Cascalho Kreta 46 FM Legend (8 vezes grande campeã e vencedora de 3 concursos leiteiros, inclusive em Esteio, e maior preço no leilão da Expoleite 93), Cascalho Helena 10 Spot Magic (vários grandes campeonatos, e preço recorde para animais solteiros na Expointer 92, US$ 13.800), e Catimbau Duda J76 Licra Máster (vários campeonatos e concursos leiteiros, e grande produtora de embriões).

Instalada desde o início em Morro Redondo, a Cabanha Cascalho prosperou até o ano de 2002 quando, devido à baixa qualidade de suas terras, falta de água para irrigação, e retração no valor de venda de gado leiteiro, tornou-se econômicamente inviável, tendo sido seus últimos 30 ventres vendidos para Marcos Pereira (Bagé) e Enedi Zanchetti (SC).

Quer saber mais sobre a raça Jersey? acesse http://www.blogdojerseyrs.blogspot.com/  e http://www.jerseyrs.br.com/ .

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