segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ACARI MENESTRINA & RAÇA JERSEY

Um pedaço da Nova Zelândia no Brasil
fotos enviadas por Agropecuária Sopramonte e Roberto Nardi


Sopramonte (sobre os morros) é um povoado em Trento, Norte da Itália, de onde vieram os ancestrais da família Menestrina. E foi justamente com o nome da vila de origem de sua família que o empresário Acari Luiz Menestrina batizou seu mais recente e ousado empreendimento. A Agro Sopramonte tem como vocação principal produzir leite de alta qualidade e custo baixo. A área localiza-se na linha Tope da Serra, no município gaúcho de Erval Grande, próximo à divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.

A área de 200 hectares abriga um sistema de produção que Menestrina denomina como “um pedaço da Nova Zelândia no Brasil”. Isso porque o país da Oceânia é o maior produtor e também o maior exportador de leite do mundo. O leite neozelandês é produzido à base de pasto, com alta qualidade e baixo custo. “A Nova Zelândia é referência mundial em produção de leite e é nisso que nos inspiramos”. Na busca por qualidade e baixo custo e, consequentemente, ser competitivo no mercado internacional, Menestrina implanta ainda em sua fazenda lições aprendidas com os italianos, que são modelo de processo industrial e tecnologia produtiva.


Com investimento em genética, tecnologia, planejamento e pastagem, a Agro Sopramonte cria um sistema eficiente, que permite gastar pouco e lucrar muito. O projeto iniciou em 2009 e tudo foi minuciosamente planejado. Para colocá-lo em prática, Menestrina conheceu exemplos produtivos bem sucedidos na  Oceania, Europa e países do Mercosul. “Aplicamos aqui o que há de melhor no mundo”, resume.

A área, localizada a 800 metros de altitude e a 150 metros de uma rodovia federal, apresenta as condições ideais para a produção que pretende Menestrina. Em dezembro de 2013 foi finalizada a construção das instalações, um total de 2.200 metros quadrados de área construída, incluindo: tambos de leite, sala de espera, sala de ordenha, salas administrativas, sala de alimentação para os funcionários, vestiários, casas de moradia e galpão para depósito. Foram feitos ainda três silos para armazenagem de silagem, num total de 630 metros quadrados.

O projeto para 400 vacas Jersey está sendo colocado em prática com um investimento de R$ 3 milhões. Menestrina destaca, além da excelência produtiva, a gestão responsável e eficiente. O orçamento da fazenda é matricial, os processos são padronizados, tornando o empreendimento sustentável e ecologicamente correto. Os seis funcionários da fazenda são treinados e qualificados. “Isso significa a pessoa certa no lugar certo”, explica.  


As instalações da Agro Sopramonte foram pensadas para melhor aproveitamento da luz solar e destinação dos dejetos para fertiirrigação (adubação das pastagens) por gravidade. Menestrina aplicou na fazenda um modelo neozelandês em que os dejetos saem por aspersor até as pastagens. “Isso nos permite trabalhar com custo baixo”, explica o empresário.


A Agro Sopramonte segue todas as normativas internacionais de produção e está apta a ser auditada, certificada pelo Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A fazenda, que abriga um verdadeiro modelo de produção, será ainda aberta para a visitação de produtores e para a realização de dias de campo. 

Menestrina conta com a ajuda da fllha Andressa, que segue os passos do pai coordenando as atividades na Agro Sopramonte. A jovem de 24 anos está se formando em medicina veterinária e já participou de missões técnicas na Nova Zelândia e Austrália. “Eu mesmo comecei segurando o rabo da vaca para a nona tirar leite”, brinca.  

“Eu gosto de desafios”, diz Menestrina, referindo-se à meta da Agro Sopramonte, que é produzir seis mil litros de leite ao dia, com uma média de 15 a 18 litros diários por vaca. “Um leite de excelente qualidade, à base de pasto e com custo baixo”, define.
 “Meu objetivo é ser, antes de produtor de leite, um pasticultor”, diz Menestrina. A pastagem, em sistema de piquetes rotacionados (Voisin) é irrigada, o que permite continuar produzindo pasto em períodos de escassez. Água suficiente para a irrigação está armazenada em 12 açudes espalhados pela propriedade. Os 100 hectares de pastagens passaram por análise e correção de solo e as sementes foram trazidas da Nova Zelândia. As variedades cultivadas são festuca, trevo branco, azevém perene, tifton, gigs e milheto. Além de produzir pasto, a fazenda Sopramonte tem uma reserva de silagem para períodos de intervalo entre pastagens. “Temos 1,5 milhões de quilos de comida guardada, entre feno e silagem”.
 Menestrina destaca que o grande diferencial da bovinocultura leiteira é que esta está baseada no consumo de pasto e é possível produzir a custo baixo. O mesmo não ocorre com a suinocultura e a avicultura, por exemplo, que necessita de proteínas nobres e de alto custo (milho e soja).


 Instalações construídas com o que há de melhor no sistema produtivo, pasto à vontade e 400 vacas da raça Jersey compõem o cenário do ousado projeto da Agro Sopramonte. Hoje, são 200 animais no local, 100 em lactação. Menestrina, que faz parte da Associação Brasileira de Criadores de Jersey e da Associação de Criadores de Gado Jersey do RS, explica que a raça é dócil, mas adaptável a diferentes ambientes e condições climáticas, tem maior longevidade, busca seu próprio alimento e ainda produz leite com maior de teor de sólidos não gordurosos (proteína, lactose, vitaminas e minerais. “O leite Jersey contém 20% a mais de proteínas e 15% a mais de cálcio do que o leite de outras raças). Os animais da fazenda Sopramonte são pura origem e com altos padrões zootécnicos.




 Menestrina anda pelos campos da Agro Sopramonte na companhia de Bali, um cão pastor Maremano Abruzês. Um casal da raça foi trazido da Itália para guardar o rebanho de ovelhas da fazenda. Bali, porém, com seu temperamento dócil se tornou o amigo inseparável do empresário.

 Ovelhas das raças Lacune, Texel, Ile de France e Frisona compõem o rebanho da Agro Sopramonte, que já conta com 150 animais e cujo objetivo é a produção de leite, carne, lã e a comercialização de animais.
 

 A Agro Sopramonte é cenário ainda de outros projetos, frutos da ousadia de Menestrina. Os sonhos plantados ali incluem um hectare de nogueiras, já no quarto ano e quatro hectares de oliveiras, para a produção de óleo e conservas. O cultivo inclui árvores das variedades Ascolano e Galega (especiais para conservas), Alberquina, Arbozana e Caroneiki (produção de óleo de oliva) “O cultivo de oliveiras é um projeto diferenciado que tem tudo para dar certo, devido às condições climáticas ideais. Pretendemos lançar no mercado o azeite mais nobre e saboroso, o extravirgem, prensado a frio”. A área possui ainda reflorestamento, implantado há oito anos nas áreas de maior declive. 

Abaixo, algumas fotos da inauguração do "complexo leiteiro" da Agropecuária Sopramonte, no último 18 de dezembro:






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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CABANHA VENTANA, JERSEY E LEITE DE QUALIDADE


Já admirava o trabalho de Carmem Petersen Dias da Costa, exímia apresentadora de animais em pista de julgamento e, especialmente, na participação de concursos leiteiros oficiais.

Algumas referências em nossa raça já me relataram, em outros momentos, a eficiência e funcionalidade no manejo adotado na Cabanha Ventana visando, em especial, a produção leiteira exclusiva com a raça Jersey.


Mas o que eu vi no “Dia de Campo” ocorrido no sábado, 7 de dezembro, estava muito alem do que imaginava. Carmem, pelotense de nascimento, adotou Cruz Alta, depois sua região emancipada como Boa Vista do Incra, para sua atividade profissional. Formada em Direito, até a pouco exercendo essa profissão, desde pequena gostava de pecuária. Numa época em que ainda havia o preconceito de que mulher não deve atuar no campo, seu avô sempre desviava seus comentários quando dizia de sua intenção de trabalhar no campo.

Quando assumiu parte da propriedade familiar, antes uma bem conduzida suinocultura, Carminha iniciou sua criação de Jersey. Objetiva, inteligente, eficiente e atuante, transformou-a numa das mais exemplares explorações leiteiras do estado, aproveitando as instalações existentes, merecedora de ser visitada por todos os criadores evoluídos ou em evolução, independentemente do tamanho de suas explorações: pequena, média, grande, de baixo, médio ou alto poder econômico.


Leiteiros, cabanheiros, melhoristas, sem sombra de dúvidas lá aprenderão muito, devendo organizar ida em grupo, prèviamente combinando com a proprietária.


Auxiliada por seu esposo e companheiro, “expert” na condução de Jersey em pista de julgamento e conhecido nos meios pecuários por “Rico” (filho do simpático Oswaldo Machado Beck, cujo nome foi “cedido” para o batismo do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Cruz Alta), hoje Carmem Petersen dedica-se exclusivamente às suas Jersey.


De Gerzy Ernesto Maraschin, destacado criador, melhorista, jurado da raça Jersey, doutor em pastagens, recebi o que abaixo transcrevo:

“Meus caros.
Maravilha de Dia de Campo. As instalações da Cabanha Ventana não são de primeiro mundo, e nem copiaram de ninguém. Simplesmente refletem um planejamento bem dirigido sobre o que fora um criatório de suinos. Nos brindou com uma infraestrutura simples, eficiente e que permite obtenção de leite com alta qualidade. O ambiente dentro do prédio da sala de ordenha, a entrada e a saida dos animais, mais os comedouros individuais pós ordenha, onde cada vaca recebe sua ração e permite as verificações e avaliações adequadas, mostram que sabem o que estão fazendo e que estão buscando melhorar. As facilidades para manter uma limpeza sem restrições, não maravilha, mas encanta pela fluides e simplicidade. Há conhecimentos adquiridos de outro criatório, e as exigências continuam!. O pátio coberto do recinto pré ordenha auxilia muito no manejo, para um ajuste próprio dos animais ao cenario da ordenha, um pediluvio permanente, e de facil limpeza. O direcionamento das águas servidas para os tanques de armazenamento, simplesmente eliminam as moscas e revelam uma imagem pouco apreciada, mas que os produtores de leite deverão valorizar e cultivar mais. As instalações simples da terneireira permitem acreditar na simplicidade para criar terneiras com saude, dóceis, e sem receio do elemento humano. E os piquetes para as diferentes fases da vida das terneiras estão bem localizados, e com boa drenagem natural. Há sombras naturais para todos os recintos da cabanha.  
Uma imagem que merece difusão é o pavilhão de alimentação de volumosos para as vacas, no canzil. Bem arejado, amplo, de facil manejo e limpeza. Chama a atenção a coleta da água das chuvas e o seu armazenamento para a limpeza do piso deste pavilhão. Refletem bem o uso e manuseio correto das ofertas do meio ambiente para uma produção ecológica e mais sustentável. As improvisações não existem. O renovadores de ar, da sala de ordenha, são potentes e bem instalados, e aí até as vacas se sentem atraidas para o ambiente, pois há conforto para elas.
No meu entender, a Cabanha Ventana construiu instalações adequadas a um emprendimento para produzir leite de qualidade, manter um rebanho sadio, e suportar qualquer inspeção sanitária, a qualquer época. E seguramente, dali é obtido um leite muito qualificado. Tomo a dianteira para recomendar uma excurção programada, com produtores e criadores de Jersey, à Cabanha Ventana, para observar as instalações, obter subsidios para implantar um sistema semelhante em seus criatórios, e poder desfrutar de um modelo simples, eficiente, e atrativo ao proprietário e aos visitantes. Aprender a produzir bem, com qualidade e saude, é algo que apareceu no Jersey do Noroeste do RS. Acho que se deve apanhar as boas mensagens lá instaladas e levar para casa, com as devidas adaptações. Me senti na obrigação de expressar minhas impressões da visita à CabanhaVentana.
Saudações, Gerzy Ernesto Maraschin
 











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