Um pedaço da Nova Zelândia no Brasil
fotos enviadas por Agropecuária Sopramonte e Roberto Nardi
fotos enviadas por Agropecuária Sopramonte e Roberto Nardi
Sopramonte
(sobre os morros) é um povoado em Trento, Norte da Itália, de onde vieram os
ancestrais da família Menestrina. E foi justamente com o nome da vila de origem
de sua família que o empresário Acari Luiz Menestrina batizou seu mais recente
e ousado empreendimento. A Agro Sopramonte tem como vocação principal produzir
leite de alta qualidade e custo baixo. A área localiza-se na linha Tope da
Serra, no município gaúcho de Erval Grande, próximo à divisa do Rio Grande do
Sul com Santa Catarina.
A área de
200 hectares abriga um sistema de produção que Menestrina denomina como “um
pedaço da Nova Zelândia no Brasil”. Isso porque o país da Oceânia é o maior
produtor e também o maior exportador de leite do mundo. O leite neozelandês é
produzido à base de pasto, com alta qualidade e baixo custo. “A Nova Zelândia é
referência mundial em produção de leite e é nisso que nos inspiramos”. Na busca
por qualidade e baixo custo e, consequentemente, ser competitivo no mercado
internacional, Menestrina implanta ainda em sua fazenda lições aprendidas com
os italianos, que são modelo de processo industrial e tecnologia produtiva.
Com
investimento em genética, tecnologia, planejamento e pastagem, a Agro
Sopramonte cria um sistema eficiente, que permite gastar pouco e lucrar muito.
O projeto iniciou em 2009 e tudo foi minuciosamente planejado. Para colocá-lo
em prática, Menestrina conheceu exemplos produtivos bem sucedidos na
Oceania, Europa e países do Mercosul. “Aplicamos aqui o que há de melhor no
mundo”, resume.
A área,
localizada a 800 metros de altitude e a 150 metros de uma rodovia federal,
apresenta as condições ideais para a produção que pretende Menestrina. Em
dezembro de 2013 foi finalizada a construção das instalações, um total de 2.200
metros quadrados de área construída, incluindo: tambos de leite, sala de
espera, sala de ordenha, salas administrativas, sala de alimentação para os
funcionários, vestiários, casas de moradia e galpão para depósito. Foram feitos
ainda três silos para armazenagem de silagem, num total de 630 metros
quadrados.
O projeto
para 400 vacas Jersey está sendo colocado em prática com um investimento de R$
3 milhões. Menestrina destaca, além da excelência produtiva, a gestão
responsável e eficiente. O orçamento da fazenda é matricial, os processos são
padronizados, tornando o empreendimento sustentável e ecologicamente correto.
Os seis funcionários da fazenda são treinados e qualificados. “Isso significa a
pessoa certa no lugar certo”, explica.
As
instalações da Agro Sopramonte foram pensadas para melhor aproveitamento da luz
solar e destinação dos dejetos para fertiirrigação (adubação das pastagens) por
gravidade. Menestrina aplicou na fazenda um modelo neozelandês em que os
dejetos saem por aspersor até as pastagens. “Isso nos permite trabalhar com
custo baixo”, explica o empresário.
A Agro
Sopramonte segue todas as normativas internacionais de produção e está apta a
ser auditada, certificada pelo Mapa - Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. A fazenda, que abriga um verdadeiro modelo de produção, será
ainda aberta para a visitação de produtores e para a realização de dias de
campo.
Menestrina
conta com a ajuda da fllha Andressa, que segue os passos do pai coordenando as
atividades na Agro Sopramonte. A jovem de 24 anos está se formando em medicina
veterinária e já participou de missões técnicas na Nova Zelândia e Austrália.
“Eu mesmo comecei segurando o rabo da vaca para a nona tirar leite”,
brinca.
“Eu gosto
de desafios”, diz Menestrina, referindo-se à meta da Agro Sopramonte, que é
produzir seis mil litros de leite ao dia, com uma média de 15 a 18 litros
diários por vaca. “Um leite de excelente qualidade, à base de pasto e com custo
baixo”, define.
“Meu
objetivo é ser, antes de produtor de leite, um pasticultor”, diz Menestrina. A
pastagem, em sistema de piquetes rotacionados (Voisin) é irrigada, o que
permite continuar produzindo pasto em períodos de escassez. Água suficiente
para a irrigação está armazenada em 12 açudes espalhados pela propriedade. Os
100 hectares de pastagens passaram por análise e correção de solo e as sementes
foram trazidas da Nova Zelândia. As variedades cultivadas são festuca, trevo
branco, azevém perene, tifton, gigs e milheto. Além de produzir pasto, a
fazenda Sopramonte tem uma reserva de silagem para períodos de intervalo entre
pastagens. “Temos 1,5 milhões de quilos de comida guardada, entre feno e
silagem”.
Menestrina
destaca que o grande diferencial da bovinocultura leiteira é que esta está
baseada no consumo de pasto e é possível produzir a custo baixo. O mesmo não
ocorre com a suinocultura e a avicultura, por exemplo, que necessita de
proteínas nobres e de alto custo (milho e soja).
Instalações construídas com o que
há de melhor no sistema produtivo, pasto à vontade e 400 vacas da raça Jersey
compõem o cenário do ousado projeto da Agro Sopramonte. Hoje, são 200 animais
no local, 100 em lactação. Menestrina, que faz parte da Associação Brasileira
de Criadores de Jersey e da Associação de Criadores de Gado Jersey do RS, explica
que a raça é dócil, mas adaptável a diferentes ambientes e condições
climáticas, tem maior longevidade, busca seu próprio alimento e ainda produz
leite com maior de teor de sólidos não gordurosos (proteína, lactose, vitaminas
e minerais. “O leite Jersey contém 20% a mais de proteínas e 15% a mais de
cálcio do que o leite de outras raças). Os animais da fazenda Sopramonte são pura
origem e com altos padrões zootécnicos.
Menestrina anda pelos campos da
Agro Sopramonte na companhia de Bali, um cão pastor Maremano Abruzês. Um casal
da raça foi trazido da Itália para guardar o rebanho de ovelhas da fazenda.
Bali, porém, com seu temperamento dócil se tornou o amigo inseparável do
empresário.
Ovelhas das raças Lacune, Texel,
Ile de France e Frisona compõem o rebanho da Agro Sopramonte, que já conta com
150 animais e cujo objetivo é a produção de leite, carne, lã e a
comercialização de animais.
A Agro Sopramonte é cenário ainda
de outros projetos, frutos da ousadia de Menestrina. Os sonhos plantados ali
incluem um hectare de nogueiras, já no quarto ano e quatro hectares de
oliveiras, para a produção de óleo e conservas. O cultivo inclui árvores das
variedades Ascolano e Galega (especiais para conservas), Alberquina, Arbozana e
Caroneiki (produção de óleo de oliva) “O cultivo de oliveiras é um projeto
diferenciado que tem tudo para dar certo, devido às condições climáticas
ideais. Pretendemos lançar no mercado o azeite mais nobre e saboroso, o
extravirgem, prensado a frio”. A área possui ainda reflorestamento, implantado
há oito anos nas áreas de maior declive.
Abaixo, algumas fotos da inauguração do "complexo leiteiro" da Agropecuária Sopramonte, no último 18 de dezembro:
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