terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

SITIO JOSIAN

SITIO JOSIAN
por Gerzy Ernesto Maraschin, engº agrº

O Sitio Josian, com seu prefixo GEMA, iniciou em 1985 com a aquisição de uma área de terras em Sapiranga, RS. Minhas duas filhas Simone (8 a.) e Ângela (5 a.) também gostavam muito das Jerseys. No ano de 1984 a denominação iniciava com a letra “D”. E ambas queriam uma terneira com um nome que as lembrasse. A da Simone foi chamada de “Dada” e a da Ângela, como já passara a letra “A”, ela ficou pensando em um nome e veio com a denominação de “Dângela”. No registro desta terneira na ACGJRS, a denominaram de Donzela. A turbulência da época não permitiria trocar o nome da terneira. Nem tentamos. O novo plantel era composto por 20 ventres PO oriundos do rebanho da então Granja Sinhá Maria, mais o touro Charrua Title do Butiá, adquirido da Sementes e Cabanha Butiá, de Passo Fundo. Por um período de tempo tivemos problemas para a efetiva transferência dos animais para o nosso nome. O proprietário anterior se negava a dar a transferência e a ACGJRS dizia que nada podia fazer. Belo papel dos responsáveis da época. As instalações em Sapiranga eram deficientes, mas conseguimos socorro em criatórios de amigos. A Cabanha Butiá aceitou quatro terneiras nossas, pela amizade e confiança que tínhamos com Ronald Bertagnolli. E valeu muito a recria das quatro terneiras lá, pois quando as duas primeiras pariram aos 30 meses de idade, saíram produzindo no mesmo nível das vacas da Cabanha Butiá. Ali, sentimos a qualificação do rebanho construído na Granja Sinhá Maria. Nessa época, em Sapiranga, a falta de recurso financeiro era gritante, e a mão de obra angustiava.



foto: Gerzy e Ângela, Ijuí-2011


Em 1987, após dois dias da reunião memorável com a nova Diretoria, tendo Carlos A. Petiz como Presidente, e Carlos G. Rheingantz como secretário, mais a participação de grande numero de criadores, na sede da Associação Rural de Pelotas, muitas arestas foram aparadas e o convívio dentro da ACGJRS passou a ser aprazível. Dali surgiu a iniciativa dos núcleos regionais no RS, e a idéia de exposições ranqueadas começou a desenvolver uma silhueta. Uma sugestão nossa, para evitar congestionamento e melhor qualificar animais em Esteio, era a de realizar as exposições regionais no primeiro semestre, e trazer para Esteio os premiados. Ai a disputa seria bem mais atraente. Mas os interesses nas vendas dominaram o panorama. Com mão de obra de fora, a alto custo, o leite produzido era transformado em queijo e vendido na Feira do Produtor em Sapiranga. A infraestrutura existente não estimulava a inseminação artificial e a monta natural era usada. Acabamos fazendo o curso de inseminador e tentar sincronizar cios para inseminações nos finais de semana. A propriedade de uma tia, em Glorinha, RS, nos apoiou muito com as novilhas e vacas secas. Estas transferências de animais expunham os animais à incidência do carrapato que provocou perdas de excelentes ventres, auxiliado por falhas na identificação inicial da tristeza. Assim mesmo o rebanho evoluiu em qualidade, e as participações nas exposições em Esteio nos permitiram chegar a Campeã Terneira em 1987, Campeã Vaca Adulta em 1988 e 1989; Campeã Vaquilhona Maior em 1989 e o Grande Campeonato de Fêmeas no outono de 1992 com Gema Graça Mima Charrua; Campeã Vaquilhona Maior na Fenaleite e na Expointer 1992 com Gema Janaina Mima Charrua.
foto: Gema Graça Mima Charrua, maio 1992


foto: Gema Janaina Mima Charrua, ago 1992


Um dos grandes feitos foi no Campeonato de Fêmea Jovem na Expointer de 1992. As Cabanhas Vivian e Butiá também tinham duas excelentes vaquilhonas. Avaliando estas vaquilhonas junto com Simone e Ângela, analisaramos os três ventres individualmente, e as comparamos par a par, e chegamos a conclusão que não perderíamos aquela disputa. O juiz canadense acabou acertando seu julgamento. O bonito / ou comovedor na ACGJRS, foi que em 1991 convidaram para jurado do Jersey na Expointer um senhor que era classificador de gado holandês, e que de Jersey sabia pouco mais do que a pelagem. Prejudicou muitos animais, mas muitas daquelas terneiras de 1991 estavam na pista em 1992, noutra categoria naturalmente. E lá decidiram quem era quem! A injustiçada Janaina em 1991 resgatou sua posição!


Após as deliberações da reunião em Pelotas, em 1987, muitos leilões foram realizados, e com ótimos resultados. Boas vendas aconteceram, mas ao longo dos anos as inserções indevidas de ventres comprometeram os valores. Para evitar o aviltamento do preço de bons animais, o grupo de criadores que os possuía, retinha-os. Assim os valores dos ventres Jersey se arrastaram, acabaram com os leilões, desestimularam as vendas de valor, restando a venda na argola de animais de desfazimento. (foto ao lado, em Ijuí-2011)



A área de pastagens foi nosso ramo do conhecimento na Agronomia, e com freqüência éramos convidados a eventos como o Simpósio sobre Pastagens em Piracicaba, USP, SP, que ocorria no inicio de setembro, todos os anos. Pois nos anos de 1994 e 1995 coincidiram com a Expointer, e me impediram de participar. Em 1995 e 1996 tivemos pesadas perdas com empregados, o que nos levaram a optar pela defesa do rebanho de ventres Jerseys. Procuramos vendê-los, mas não houve interessado pelos preços pleiteados. Meu irmão Enio Maraschin, de Santo Ângelo, RS, acolheu-os por uns tempos. Continuamos buscando compradores e um dia o criador José Guerra Mendina, de Sant’Ana do Livramento, RS nos acenou com a compra de um lote, e abrigava os demais em sua propriedade. Realizamos o negocio e ele manteve nossos ventres em sua propriedade, sobrevivendo duas secas e o grande surto de febre aftosa no sul do estado. Em 2004 ele manifestou desinteresse na manutenção dos animais e nos devolveu.

Felizmente a Méd. Vet. Ângela de Faria Maraschin, designada para a Inspetoria Veterinária de Santo Cristo, decidiu pela continuidade do criatório, livrou-o de um potencial abate, e resgatou uma boa porção da qualidade genética que ainda existia no seio daqueles heróicos 21 ventres.



Em Ijuí, 2011: esta vaca foi a campeã do concurso leiteiro, categoria até 36 meses, batendo o recorde nacional em concursos:

1º - 45,00 kg – Box 0035, Gema Estância Bagagen Action, HBB 143458C, exp.Gerzy Ernesto e Ângela Maraschin

Pouco depois, na Água Funda, com 40kg ela foi a campeã da mesma categoria na Exposição Nacional da Raça Jersey.



MAIS UMA GERAÇÃO:


Na foto acima, vemos o filho de Ângela, neto de Gerzy, no concurso

Puxador Mirim, Ijuí-2011.

Mais sobre Jersey??