terça-feira, 28 de julho de 2009

JERSEY: O HOMEM ORGANIZA A RAÇA (II)

A Associação de Criadores de Gado Jersey do Brasil-ACGJB, novamente, está forçando novo, ou novos, contrato com as Associações Estaduais, em regime de urgência, tentando declarar sem valor os contratos atuais.

O Ministério da Agricultura exige que haja contrato entre a Entidade Nacional e cada uma de suas Filiadas credenciadas para a execução dos serviços de registro genealógico nas suas respectivas regiões de abrangência, numa medida descentralizadora, com a finalidade de atribuir competência regional, ou estadual, a associações privadas, obedecendo os termos e limites impostos pelos princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade e moralidade, não autorizando os abusos pretendidos, e realizados, pela ACGJB.

Entende a Brasileira ser necessário cancelar os contratos atuais, celebrando um novo, para garantir as receitas e os associados para si no novo "Programa do Banco de Dados e Emissão de Registros on-line", que está sendo implantado sem que as Filiadas tenham qualquer informação do seu conteúdo e de seu funcionamento.

Como já tentaram, e até executaram por algum tempo, os registros provisórios seriam encaminhados diretamente pelos criadores para a ACGJB, sem passar pelas Filiadas, e os definitivos seriam elaborados nas Filiadas. A taxa estabelecida para o pagamento mensal das Filiadas à Brasileira, aleatória, não tem vínculo com a quantidade de registros realizados, implicando o não pagamento na rescisão imediata do Contrato (coação que está ocorrendo para forçar a assinatura do novo, ou novos, contrato, e que já ocorreu em passado recente).

A vinculação do associado da Filiada como sócio direto da Brasileira, através de uma outra anuidade, constituiria um vínculo direto do associado à Brasileira, com todos os seus deveres, e simplesmente anularia a autonomia indispensável de cada Filiada em sua região de atuação. Isso, aliás, já foi realizado para com a Associação do RS que, depois de muita "discussão e briga", conseguiu reverter.

A nova anuidade, embora não especificada no contrato, teria uma taxa fixa, e outra variável por cada animal de plantel do associado, da mesma forma como é cobrada dos associados dos Núcleos da Brasileira, ou seja, daqueles que não possuem Associação Regional Filiada e organizada. Mas a ACGJB poderia modificá-las para qualquer valor, a seu bel-prazer, de forma a garantir o sustento de sua atual e crescente ociosidade, de seus caros técnicos e outros dependentes, direta ou indiretamente.

A renovação do Contrato, que é unilateral, uma vez não aceitas as bases de repasse de valores romperia todos os vínculos para com as Filiadas, de criadores e da própria ACGJB, ou seja, terminaria de vez com aquelas que, de fato, executam o registro e o fomento da raça Jersey em cada estado ou região.

Como, e porque, sobreviveriam as Filiadas sem associados, sem receita e sem objetivo? Seria o fim das Estaduais e Regionais, e dos benefícios por elas produzidos para seus criadores. A Brasileira, como alguns de seus poucos integrantes querem, passaria a ser absoluta, e teríamos de pagar muito caro por isso. Sem contar a dificuldade, e desinteresse, que geraria sua centralizadora e apavorante ação junto a nossos eventos (leilões, exposições, encontros, cursos), que pelas regionais são organizados de acordo com os costumes locais, com os interesses locais, e para os criadores locais. Como ficaria, por exemplo, a organização e realização da Expointer (Esteio, RS), ilustrada na foto acima, 1996, com expositor José G.Mendina e sua filha recebendo as rosetas de grande campeã do Secretário da Agricultura do RS, Cezar Schirmer, e da Presidenta da Associação Argentina de Jersey, na presença do jurado Antônio Carlos Pinheiro Machado? Imaginem se organizada pela ACGJB!!!!

E, cá para nós, todos sabem muito bem que o custo das Filiadas é muito menor que o da Brasileira, embora executem pràticamente todo o serviço de registro, devido a diversos apoios e patrocínios de governos estaduais e municipais, de empresas locais, etc, que não seriam dados para uma Brasileira localizada em São Paulo. Imaginem deixarmos de ser atendidos pelos técnicos e dirigentes estaduais, e passarmos a ser atendidos pelos técnicos da Brasileira, e por seus diretores.

Os atuais dirigentes das Associações Estaduais e Regionais, têm a obrigação de obter totais informações sobre o novo Programa, e suas reais implicações para os Criadores Associados, assim como sobre as receitas que caberão às Filiadas, antes de qualquer comprometimento. Se necessário, devem pelo menos manter, junto ao Ministério da Agricultura, o contrato antigo (ainda em vigor) homologado, até encontrar solução que a todos satisfaça, talves com uma Brasileira 0n-line, apenas um cartório de registro a cargo "rotativo" das regionais, ou estaduais.

Devem usar, e abusar, de prudencia, consultando os órgãos competentes (como a Secretaria Nacional de Produção Agropecuária, p.ex.), mantendo a autorização para a execução dos registros e controles em suas respectivas áreas de atuação, conforme Lei nº 4716/65, ou seja, fugindo da inércia da ACGJB.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

JERSEY: O HOMEM ATRAPALHA A RAÇA (II)

No ano de 1950 foram relatados pelo dr.João Rouget Peres os primeiros contatos junto à ACGJB (RJ), com referência ao Herd-Book do Jersey do RS, sendo apresentado um estudo da proposta enviada por aquela entidade para ser revisada pela Diretoria da ACGJRGS (na foto, o primeiro livro de registro genealógico da Jersey no Brasil, com Rodrigo Assis Brasil).

Em 21 de outubro de 1950, o sr.José A Collares comentou estar a Secretaria da Agricultura do RS cogitando em transferir, ou desobrigar-se, do registro do gado Jersey no estado, ficando combinado telegrafar-se ao dr.Manoel Soares comunicando estar a ACGJRGS tratando junto à Brasileira para solucionar esse assunto por comum acordo, embora a solução definitiva sòmente poder ser acertada numa Assembléia Geral por implicar na alteração do Estatuto Social.

Na reunião realizada em 16 de março de 1951 foi comunicado que o presidente da ACGJB dirigiu-se ao Dr.João Rouget Perez dizendo estranhar o silêncio de nossa Associação com respeito à fórmula encontrada para a incorporação do Herd-Book do RS, informando o sr.Ibsen Vianna que, logo após recebida a “fórmula”(em caráter particular), dirigimo-nos àquela entidade, em 30 de novembro de 1950, expondo minuciosamente o nosso ponto de vista. Novamente nos dirigimos a êles, anexando cópia da correspondência de 30 de novembro.

Em 16 de maio de 1951, considerando não termos recebido contestação da ACGJB das diversas cartas a ela dirigidas, inclusive a de 07 de março passado levada em mãos pelo dr.João Rouget Perez, telegrafamos ao dr.Jorge Zani pedindo sua interferência para a solução definitiva do assunto.

Na sede da Sociedade Agrícola de Pelotas em 3 de julho de 1951, os drs.Elton Butierres e Celso Pöester (da Diretoria de Produção Animal da S.Agricultura do RS), relataram sobre os entendimentos mantidos com a ACGJB para a possível transferência dos registros genealógicos de nosso estado àquela entidade, no que foram por ela estabelecidas condições especiais para encarregar-se daquele serviço, e que já eram do nosso conhecimento atraves de projeto que nos foi enviado em caráter particular.

Na Assembléia Geral de 12/12/52 foram lidas as bases do possível acordo a ser firmado com a ACGJB, repletos de detalhes, encaminhando final entendimento sobre o registro Jersey no RS.

Em 13 de março de 1953, o Presidente relatou sobre a transferência dos livros de registros do RS para a ACGJB, com o assunto bem encaminhado, apresentando em 7 de julho de 1953 uma minuta do contrato a ser firmado com a Secretaria da Agricultura. Concordaram os presentes que se telegrafasse à Brasileira informando que a Secretaria da Agricultura do RS está aguardando a presença de um delegado credenciado para fazer a entrega dos livros de registro genealógico.

No dia 10 de fevereiro de 1955, o sr.Presidente expos o entendimento que teve com a ACGJB, e deu conhecimento do protocolo firmado em 13 de dezembro de 1954, delegando à ACGJRGS amplos poderes para representá-la junto aos criadores riograndenses a fim de ser efetivado o registro desse rebanho através do procedimento e cláusulas que serão relatados na próxima postagem deste blog (Jersey: o homem organiza a raça III).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

JERSEY: A RAÇA APROXIMA OS HOMENS (II)

A primeira reunião de diretoria da ACGJRGS ocorreu em 15 de setembro de 1948, às 20 hs, numa das salas do CLUBE COMERCIAL DE PELOTAS, sob a presidencia de D.Quinquinha Assis Brasil (foto ao lado), tendo como convidado especial o dr.Fortunato Pimentel, técnico da Secretaria da Agricultura do RS e primeiro jornalista rural do Brasil atraves do Serviço de Informação Agrícola da SA-RS. Por meio de cartas e telegramas, foram comunicados da fundação da associação gaúcha diversos órgãos, entidades e personalidades da agropecuária brasileira, em especial o sr.Secretário da Agricultura do RS, dr.Balbino de Souza Mascarenhas, e a Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil(Rio de Janeiro), assim como foi providenciado o registro do ESTATUTO SOCIAL, legalizando a vida da entidade, e elaborado o “distintivo da Associação”. À Sociedade Rural de Pelotas foi destinado um prêmio para a Campeã Jersey da Exposição comemorativa do Jubileu de Ouro daquela entidade: um objeto artístico adquirido em Montevideo por gentileza do dr.Guilherme Echenique Filho. Foi exibido interessante material de propaganda recebido da Presidenta, tendo sido resolvido sua ampliação pelo grande interesse causado.

A primeira participação da ACGJRGS em exposição ocorreu de 25 a 28 de setembro de 1948 com 13 expositores e 39 animais para concurso, 8 para exibição pertencentes a órgãos governamentais, e 1 para concurso leiteiro, tendo sido jurado da raça o engº agrº.Waldemar Miranda de Oliveira. Essa mostra foi denominada I EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE GADO LEITEIRO, promoção da Sociedade Agrícola de Pelotas, e na Comissão Julgadora do Concurso Leiteiro atuaram o dr.Manoel Spanoleti e dr.Waldemar Ramos Lages, tendo como Secretários o dr.Mozart Liberal, dr.Hélio Xavier e dr.Alessandro da Cunha. Na organização do concurso leiteiro foi responsável o dr.Hélio Mac Moreira.

A premiação dos animais foi em dinheiro. Os expositores desta mostra foram Ismael Chaves Barcellos e Nestor Jardim (Guaiba), Maria Cecília e Veneza Bento (Pelotas), Riopás Ltda (Uruguai), Gomercindo Carvalho (Pelotas), Antônio Carlos P.Machado (Triunfo), Raphael Dias Mazza (Pelotas), Paulo Gastal (Pelotas), José Lafayette Leite (Pelotas), Heitor Pinheiro Machado (Triunfo), Belo da Graça Brum (Rio Grande), Fernando Assumpção (Pelotas), João Larangeira Fº (Pelotas), Governo do Estado (Tupanciretã), Governo do Estado (Montenegro), Instituto Agronômico do Sul (Pelotas), Emílio Nuremberg (Pelotas). A grande campeã foi a vaca LES HORNES RIGHT MODESS, de A.C.Pinheiro Machado, e o concurso leiteiro foi vencido por ROSINHA, de Emilio Nüremberg.

terça-feira, 21 de julho de 2009

JERSEY: A RAÇA APROXIMA OS HOMENS

Desde a entrada da raça Jersey no Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Sul, iniciou-se um processo de "aglutinação" dos interessados pela mesma. Curiosos, criadores, comerciantes, simples apreciadores, simpatizantes, enfim, todos aqueles de alguma forma atraídos pela pequena Jersey foram "se chegando".

Mostras e exposições foram organizadas, vendas nas fazendas e granjas, ou em leilões, tornaram-se realidade. Trocas, doações e empréstimo de touros foram realizadas, propiciando um grande melhoramento no gado "crioulo" existente no início do século XX.

E a Jersey formou um grande número de apreciadores, espalhados por todo o "pampa" e "serra" gaúcha, e no estado do Rio. A região de Pelotas, onde em 1948 foi fundada a associação gaúcha de criadores, concentrou a maior parte dos produtores de leite de jersey, principalmente pelas colônias de Morro Redondo, Monte Bonito, Arroio do Padre, Recanto dos Coswig, dentre outros, muitos hoje municípios, alem de Bagé, São Lourenço do Sul, Livramento e Canguçú.

Mas a expansão da raça, e dos relacionamentos por ela proporcionados, ultrapassou as fronteiras gaúchas e cariocas. Vários jersistas propiciaram essa expansão, mas não posso deixar de citar aquele gaúcho que, mudando-se para o estado de São Paulo, mais precisamente para o município de Avaré, executou um trabalho como nenhum outro: Antônio Carlos Pinheiro Machado (foto acima, em 1952 com a dupla campeã da Exposição Internacional de Pelotas).

Engenheiro Agrônomo por formação, herdou de seu pai um já excelente rebanho Jersey que, com sua inteligência e técnica, foi expoente nacional. Cabeça aberta, foi um dos primeiros a importar genética de alto nível da América do Norte, antes da Inglaterra, e da Dinamarca. Com sua bem estruturada emprêsa leiloeira, minou o interior de São Paulo com vendas de Jersey, sempre "angariando" novos adeptos, projetando a Jersey no cenário nacional de leilões com alta liquidez e altíssimas médias de venda.

Durante muitos anos, Pinheiro Machado conquistou os maiores prêmios no Rio Grande do Sul e em São Paulo, com destaque para os obtidos nas disputadas e qualificadas exposições de Pelotas e Menino Deus (RS), Água Branca, Água Funda e Avaré (SP), dentre dezenas de outras mostras.

Pinheiro, embora radicado em São Paulo, jamais deixou de lado sua "alma gaúcha", e das exposições de que participava lembro-me, com saudades, da euforia e alegria que êle e sua família a elas propiciavam.

Antônio Carlos Pinheiro Machado deve ser o único jersista vivo que acompanhou, e participou, da organização, da fundação e da evolução da Associação dos Criadores de Gado Jersey do RS, tendo julgado a Expointer (Esteio, RS) por seus atributos técnicos e admiração da parte dos jersistas gaúchos.

domingo, 5 de julho de 2009

JERSEY: O HOMEM ATRAPALHA A RAÇA

A partir de 1975 os jersistas gaúchos, associados e dirigentes da hoje sexagenária Associação de Criadores de Gado Jersey do Rio Grande do Sul, perderam os subsídios federais e estaduais que lhes eram anualmente destinados. Mesmo assim, conseguiram aumentar significativamente o número de animais registrados e a qualidade dos plantéis até o ano de 1991.

Após 1991, devido às grandes dificuldades financeiras e altas taxas para emolumentos fixadas pela Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil, começaram as reduções progressivas nos registros de animais e no quadro associativo, estabilizando e voltando a crescer a partir de 1998.

O difícil relacionamento para com a Brasileira só foi normalizado com a posse do mineiro Sebastião Cabral Filho na presidência daquela entidade, após 1999, mas os problemas causados pelas suas crescentes despesas continuaram. A modificação em regulamentos sem a devida consulta e participação dos conselhos técnicos estaduais passou a ser comum, contemplando apenas “aspirações pessoais”.
Apesar dos problemas, a Jersey-RS continuou moderna e eficiente, viável mesmo com as restrições inadequadamente impostas pela Brasileira, executando com presteza os serviços de registro e de fomento, fornecendo apoio e colaborando para a evolução da raça.

Agora, em pleno 2009, novamente a Associação Brasileira tenta modificar os convênios para com suas delegadas, em detrimento da hegemonia estadual dessas entidades que, na realidade, são as responsáveis pelo registro dos animais e apoio a seus criadores. Cabe aos dirigentes estaduais uma franca e aberta discussão sobre a situação devendo, em prol do desenvolvimento da raça, achar uma opção mais realista para o controle do registro brasileiro da Jersey.

Quem sabe uma Associação Brasileira "on-line", pràticamente sem custos, um verdadeiro cartório de registros? E se a responsabilidade pelo mesmo fosse, a cada gestão, atribuída a uma de suas delegadas estaduais? De qualquer forma, a Brasileira como está de nada adianta, apenas onera.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

JERSEY: A RAÇA CONQUISTA O HOMEM

Originada na Ilha de Jersey, Canal da Mancha, a partir da raça Bretona, ou da Normanda, alguns autores citando-na como originária das raças leiteiras germânicas, é a mais difundida raça leiteira inglesa. O fato da “pequena vaca jersey”possuir as qualidades consideradas ideais para a produção de leite é inegável, pelo seu alto valor energético e protêico, tornando-o econômicamente superior ao de suas rivais.

A raça Jersey desenvolveu-se a partir do ano 1100, adaptada às necessidades da Ilha e à limitada produção de forrageiras, sendo desde 1734 reconhecida como a produtora do leite mais gordo e de pigmentação mais amarelada, a verdadeira “vaca mantegueira”.
Motivados pelo interesse que despertavam suas pequenas vacas, e para permitir uma melhor seleção, foi decretada uma lei na Ilha de Jersey "proibindo toda a importação de bovinos que não fossem para abate imediato" e, mediante seleção rigorosa, fixou-se um tipo uniforme com as atuais características tornando-a, até hoje, a raça que mais manteve seu estado de pureza, e por motivos principalmente econômicos.